A escrita é revolucionária quando transpõe os padrões do ser pensante por trás de cada letra. Também é cura, quando este Ser confronta a ideia inerente de que, na sua mente, as palavras não são coerentes. Mulheres negras transformando potencialidades, nadando contra a maré em busca do pertencimento de sua própria alma que, cheia de desejos, há séculos, projetam o silêncio. Seguimos, enfim, resistindo às marcas pregadas sobre esse corpo, transmutando a ideia de só sermos carne em direção à retomada da essência e ancestralidade invisibilizadas pelos açoites diários. São poesias sobre mulher negra, saudade ancestral, potência fundante, amor, afetividade, dor, ancestralidade, ressignifi cações, um oceano negro feminino navegante sobre os escombros, um mundo inteiro no peito e o corpo inteiro no mundo. Não ter pra onde voltar é ter o mundo inteiro pra ressignificar, com os pés na terra e a cabeça na lua.