Por meio de uma prosa poética, Milton Rezende, convida o leitor a acompanhar os desdobramentos do seu dia a dia. Os pensamentos do escritor, misturam-se às suas impressões desenrolando em sua escrita, uma prosa de características poéticas. Em “mais uma xícara de café”, Milton priorizou em sua escrita as características que lhe dão uma aparência de apontamentos, como se o escritor estivesse à um diário, e fosse compartilhar com o leitor justamente suas impressões mais íntimas. Como a obra se trata de um relato quase pessoal, a ação fica desfalcada em relação ao interior do protagonista-narrador, sempre explorado. O escritor do livro tem por hábito tomar suas xícaras de café, para espantar as emoções que transcorreram junto com a passagem do tempo e dos dias, quase como para espantar a solidão, no seu ato compulsório de encontrar prazer e recompensa no ato de beber estas xícaras quentes. Em algumas passagens, Milton Rezende, mostra o interior de um personagem solitário, com dificuldades financeiras, que algumas vezes se aventura, também, a ensaiar críticas políticas. Conforme o enredo vai-se seguindo entre divagações, a narrativa vai-se formando não linear, vagueando sobre as impressões do narrador as quais se formam no final do seu dia. Com “mais uma xícara de café”, Milton demonstra dominar a prosa, conseguindo construir o seu próprio estilo, que enquanto arte, desprende-se das regras domadas de uma escrita linear e objetiva, para livremente explorar o seu íntimo compartilhando com o leitor as peculiaridades dos pontos de vista, de um narrador-personagem ávido pela escrita.