A pele que nos divide: diáforas continentais, novo livro do poeta e romancista Paulo Rosenbaum, reúne poemas que ecoam a célebre lição de Carlos Drummond de Andrade: penetre surdamente no reino das palavras, elide sujeito e objeto, chegue mais perto e contemple as palavras: ei-las impregnadas de múltiplos sentidos, em estado de dicionário. Como em toda 'diáfora' cada nova palavra ou imagem repetida apresenta novo matiz de significação, a poesia de Paulo Rosenbaum é profusa e intensa, aberta à leitura errante ou que 'erra', como diz o poema 'Fisiologia da leitura na perspectiva do livro & impensáveis palavras'. É como se todo o texto 'diaforético' transpirasse excessivamente no corpo a corpo com o significado enquanto vitória precária e insistentemente retomada contra a separação do outro (leitor) - 'a pele que nos divide'. A garantia do inusitado está na passagem do que, paradoxalmente, permanece como razão última do poema - ou da poesia.