A complexidade e a gravidade dos problemas relacionados ao uso de drogas e à diversidade de concepções dos atores sociais que atuam nesse campo justificam a dificuldade de estabelecimento de consensos, com a conseqüente polarização de propostas, a formação de grupos de idéias antagônicas e a criação de práticas bastante discordantes. Na conjuntura em que se impõem as tomadas de decisão, esses grupos se manifestam, muitas vezes de forma apaixonada, na tentativa de fazer valer sua opinião. As situações de impasse que exigem decisões ocorrem tanto no âmbito do coletivo, como é o caso da definição das políticas de assistência, prevenção e repressão, quanto no âmbito do individual, como ocorre no encontro de cada usuário de drogas ou de seus familiares com os profissionais de saúde. Entre as formas de adoecer, talvez nenhuma outra envolva de modo tão complexo os aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais desde o início e durante toda a trajetória como acontece com os indivíduos que usam drogas.