Neste livro a autora procura reconstituir a elaboração de uma modalidade de atuação política para os intelectuais empreendida por Florestan Fernandes, entre os anos de 1969 e 1983. Trata-se de um momento em que o sociólogo esteve desvinculado da instituição universitária, da qual a aposentaria compulsória imposta pelo regime autoritário o arrancou, e empenhado num de retiro da vida pública, refúgio que chamou de “gaiola de ouro”. No cultivo dessa rejeição ao mundo, o autor dedicou-se à autorreflexão, parcela considerável da obra então produzida nasce sob o signo dela — são balanços de sua trajetória intelectual, da Sociologia e dos impasses da formação das ciências sociais no Brasil — e da liberação da coerção discursiva que os campos institucionais promovem. Por meio do exame desse conjunto de textos, sobressai-se na obra do autor o tema que é centro gravitacional dos estudiosos da obra e trajetória do sociólogo: o equacionamento de sua atuação acadêmica e política.