"A poesia procura nexos entre as coisas, como grãos de poeira que se juntam e formam desenhos no chão, criando novas camadas de imagens nunca vistas. Criam novos mundos que se voltam, com efeito transformador, para o que chamamos mundo real, ou realidade. A palavra é a matéria dessa criação, mas uma matéria frágil e sempre moldável diante do leitor. Ela é elástica em suas possibilidades, ampliando seu campo de sugestões na mente. Evocar essa característica da poesia para falar dos poemas reunidos neste novo livro de Dora Ribeiro, o sétimo em seu itinerário, faz sentido, já que essas imagens provêm, de alguma forma, de seus próprios poemas. no piso do dia/ a poeira procura/nexos, escreve Dora, logo na entrada do livro. Trocar poeira por poesia ajuda a olhar essa poética que se afasta de uma linguagem objetiva, ou denotativa. Dora cria poemas que compõem uma outra forma de ver as coisas, numa abordagem sempre inusitada. É uma espécie de natureza aberta, como diz o título, em (...)