Vencedor do Prêmio Lima Barreto de Contos 2014 e com diversos de seus textos premiados em outros concursos e publicados em antologias, Eu algum na multidão de motocicletas verdes agonizantes é uma coletânea livre de contos em que o eu narrativo se revela, em geral, o personagem principal. Este narrador-ator conduz a leitura, com sua fala corrosivamente poética e mordaz, por périplos e situações fictícias que beiram uma super-realidade ou, em algumas tramas, mesmo a banalidade do real. O que acontece se conforma em pano de fundo, um meio-margem para a configuração/atuação de um(a) sujeito(a) não obediente, descaricato(a), protuberante nos seus contornos pouco definidos. Mas que ri – mais do que chora. A vida, trajada de farsa, nesses contos, está para jogo depois que não interessa mais salvá-la, tampouco muni-la dos objetivos tangíveis e concretos do dito mundo produtivo, ora rebaixado à coisa pouca que os personagens usam somente como roupas gastas de vestir seus destinos – e desatinos.