O trabalho que agora se apresenta tem como ponto de partida o livro "Geologia de Portugal no contexto da Ibéria" editado em 2006 por ocasião do VII Congresso Nacional de Geologia realizado em Estremoz. É uma versão não apenas revista e actualizada do ponto de vista científico, mas também substancialmente alargada. Estamos perfeitamente conscientes de que, apesar dos melhoramentos introduzidos, continuará a não ser um livro consensual, quer na organização, quer nos autores, nem muito menos nos conteúdos científicos publicados. Já o sabíamos, à partida, quando começámos este projecto há 6 anos. De novo, opções de fundo tiveram de ser assumidas, com os riscos inerentes, como é natural; mas, apesar disso, achamos que, num balanço entre o nada se fazer ou apresentar-se um trabalho que de alguma forma responde à necessidade sentida por todos de um livro sobre a Evolução Geodinâmica de Portugal, os pratos pendem para o lado... do risco! Lembramos que antes do projecto de 2006, há muito que estavam esgotadas as últimas sínteses que foram feitas sobre a Geologia de Portugal; o célebre livro azul de Ribeiro et al., 1979 e o livro de Teixeira & Gonçalves, 1980. Editadas há mais de 30 anos, quando a Tectónica de Placas dava ainda os primeiros passos, esses livros apresentam necessariamente uma visão que já muito pouco tem a ver com os vertiginosos avanços científicos registados nos últimos anos. Muito recentemente e na altura em que este livro se encontrava em fase de revisão de alguns capítulos, foi publicada uma memória, em 3 volumes, sobre as Ciências Geológicas: Ensino, Investigação e sua História, editado por J. C. Neiva, A. Ribeiro, L. M. Victor, F. Noronha e M. M. Ramalho (2010) e onde se pretendeu recensear a actividade dos especialistas e o seu impacto socioeconómico no País. De forma diversa, este livro foi estruturado a partir do livro de 2006 o qual teve como base metodológica a escolha das temáticas que iriam ser abordadas, organizadas em torno dos ciclos de Wilson melhor representados na Geologia Portuguesa: o Ciclo Varisco e o Ciclo Alpino/Atlântico. Durante¬ o VII Congresso Nacional de Geologia assumimos que muitas áreas e temas ficariam por tratar, uma vez que os capítulos foram então organizados como suporte científico, aprofundado, das excursões planeadas no âmbito do referido congresso. Pretendeu-se, agora colmatar, o melhor possível, as lacunas existentes. Identificadas as principais limitações, também com o auxílio das reacções que entretanto fomos recebendo da comunidade científica nacional, houve que fazer novos convites a responsáveis por capítulos, eliminar ou reestruturar os capítulos existentes e incentivar os responsáveis de capítulos que se mantiveram, para o maior alargamento possível das equipas. Mas, para temas onde tem sido notória uma saudável divergência de perspectivas científicas, os editores assumiram que não lhes cabia fazer escolhas por qualquer delas; por isso foram convidados responsáveis que, através das suas equipas de trabalho puderam explanar sínteses com os seus dados, interpretações e modelos. O leitor fica desde já alertado para este facto. Mas isto não é uma debilidade do livro, pelo contrário. Sempre assumimos que não nos cabia fazer uma "versão oficial" da Geologia Portuguesa e, por isso, privilegiámos a riqueza do debate e do conhecimento produzido, como exemplo daquilo que entendemos dever ser o princípio orientador da Ciência transmitida principalmente para os investigadores mais jovens. Foi dada total liberdade aos responsáveis convidados, normalmente os primeiros autores de cada capítulo, quanto à escolha das suas equipas, privilegiando autores portugueses. Outro princípio orientador transmitido aos responsáveis foi o da utilização, em cada tema, do leque mais alargado possível de publicações, não apenas as que constituem principal referência, em termos nacionais e internacionais, mas também de teses que, muitas vezes os próprios investigadores seniores vão tendo dificuldade em acompanhar, em "tempo real", face à enorme expansão, nos últimos anos, de dissertações e teses resultantes do novo modelo de Ensino Superior associado ao Processo de Bolonha. A terminar, gostaríamos de salientar que embora este seja o resultado da colaboração directa de 140 investigadores, o que está contido neste livro representa muito mais do que o trabalho destes elementos. Com efeito, as sínteses apresentadas representam o acumular dos dados que gerações sucessivas de geólogos foram esforçadamente reunindo. Os editores