Transformações cíclicas para colher e descamar é um livro feito por mulheres que amam. Mas não se engane ao buscar nestas páginas o amor romântico, idealizado. Aqui, os poemas dialogam com relações amorosas reais, evidenciando sua natureza ambivalente. A metáfora do ciclo é completa no sentido de não ocultar o sangramento ao qual a mulher é submetida, seja ele físico ou emocional. O eu lírico de Leila atravessa sua própria pele para expor a dor da violência verbal, munindo-se de palavras para organizar as raivas provindas do abuso e, em ato contínuo, cria musculatura firme o suficiente para impor limites a quem lhe fere. Afinal, não é uma sentença inteira. E como é poético chegar ao não. Os poemas de Fernanda surgem para descamar e liberar o sangue do ventre. São palavras musicais e sintéticas, em que a dor ainda latente mescla-se continuamente às possibilidades de cura. Querida ferida, tu és para ser curada dirá o eu lírico na busca do encontro consigo. Transformações é (...)