Trágico é o jogo de Dionísio na identidade universal das diferenças. A tragédia não é uma condição simplesmente humana. É o ser da própria realidade (...) A totalidade do real é também o reino misterioso da identidade, onde cada coisa não é somente ela mesma, por ser todas as outras, onde os indivíduos não são definíveis, por serem universais, onde tudo é uno. Na tensão desta tragédia o homem assume as dimensões ontológicas de uma universalidade individual. É a coisa mais estranha do mundo. Nele advém a estranheza do próprio mundo (Emmanuel Carneiro Leão). O essencial de toda tragédia se desenvolve na existência quotidiana, num tempo humano, opaco, feito de presentes sucessivos e limitados num além da vida terrena, num tempo divino, onipotente, que abrange a cada instante a totalidade dos acontecimentos, ora para ocultá-los, ora para descobri-los, mas sem que nada escape a ele, nem se perca no esquecimento. (Jean-Pierre Vernant)