A partir do século XVI tanto a Igreja como os sistemas monárquicos iniciaram uma fase de intensa valorização da infância. Havia uma crença, influenciada pelo pensamento humanista e renascentista, de que as crianças eram como tábuas rasas prontas para serem educadas e moldadas através da educação recebida de seus pais. Esse pensamento resultou no surgimento de vários tratados e manuais sobre o tema educação infantil escritos por intelectuais da época como Erasmo e John Locke. Porém outros autores também se dedicaram a obras do gênero, alguns deles dando mais ênfase aos preceitos cristãos de educação. Uma dessas obras foi escrita no Brasil colonial pelo jesuíta, literato e pedagogo Alexandre de Gusmão (1629-1724). Trata-se de Arte de criar bem os filhos na idade da puerícia, publicado agora pela Martins Fontes Editora. Escrito em 1685, o livro Arte de criar bem os filhos na idade da puerícia apresenta as normas cristãs referentes à criação dos meninos e meninas, ao mesmo tempo que ilustra aspectos fundamentais da unidade teológica-política da literatura eclesiástica na América portuguesa. Embora os valores de educação propostos no livro sejam muito diferentes dos atuais, a obra é de extrema importância se analisada dentro do contexto histórico em que foi escrita, marcado pelo apogeu do projeto da Reforma Católica em relação à educação infantil.