Os artigos deste livro versam sobre tramas envolvendo médicos, geneticistas, criminólogos, psicólogos (e antropólogos) cujo trabalho mexe com nossas maneiras de conceber raça e gênero, doença e saúde e - até - o próprio ser humano. Ao escutar também os usuários das novas tecnologias - desde mulheres grávidas recorrendo ao ultrassom até presidiários sendo identificados por suas"impressões digitais genéticas" -, os autores procuram entender os meandros da produção dessas inovações e também os efeitos delas na vida real. Quer versem sobre a artificialidade/naturalidade da menstruação, a unicidade de nosso código genético ou a (in)falibilidade das neurociências, os artigos são formulados para provocar dúvidas sobre temas raramente problematizados. E convidam o leitor - leigo ou especialista - a participar do debate. Vemos os sinais das ciências em toda parte da vida contemporânea. Novas tecnologias, novos saberes e novos especialistas vieram se instalar no nosso cotidiano, salvando vidas, vigiando comportamentos e modificando identidades. Em muitos casos, os produtos científicos são naturalizados, prescindindo de qualquer exame sobre seus efeitos práticos ou morais. Os autores deste volume propõem se contrapor a essa tendência, desnaturalizando uma série de fenômenos ao passá-los sob a mira do olhar antropológico.