A cultura de direita é uma cultura na qual o passado é uma espécie de mingau homogêneo que pode ser preparado e conservado de maneira muito útil. Cultura em que prevalece uma religião da morte ou uma religião dos mortos exemplares. A cultura em que se declara que existem valores não questionáveis, indicados por palavras iniciadas por letra maiúscula, especialmente Tradição e Cultura, mas também Justiça, Liberdade e Revolução. Em suma, uma cultura feita de autoridade, de segurança mitológica em relação às regras do conhecimento, do ensino, do comando e da obediência. A maior parte do patrimônio cultural, mesmo das pessoas que não querem, hoje, de forma alguma, ser de direita, é um resíduo cultural de direita. Nos últimos séculos, a cultura protegida e ensinada foi, sobretudo, a cultura de quem era mais poderoso e mais rico, ou, mais exatamente, não foi, a não ser minimamente, a cultura das pessoas mais fracas e mais pobres.