Entre 3% e 4% das crianças e adolescentes são acometidos por um transtorno mental grave: o autismo. Nesta doença, a habilidade de interagir socialmente encontra-se prejudicada, em função de aumentos específicos de regiões cerebrais, que permitiriam o processamento de informações sobre o outro. Nesta linha de raciocínio, um grupo de médicos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Yale University (Estados Unidos) e Institut national de La santé et de La recherche médicale (Inserm) da Universidade de Paris (França), reuniram-se e desenvolveram um projeto que culminou no livro Autismo e cérebro social. A obra explora o conceito de "cérebro social", ou seja, que a dificuldade de interação dessas crianças seria consequência de disfunções de circuitos, cadeias associativas e redes neurais. A dificuldade de relacionamento interpessoal poderia, assim, ser interpretada como resultado da disfunção do funcionamento dos circuitos e das funções cerebrais, que, em seu desequilíbrio, originariam os sintomas motores, de linguagem, e da sensopercepção. O que uma família passa quando percebe que a criança tem prejuízos na interação social e atraso no desenvolvimento? O que causa esses transtornos? Como fazer o diagnóstico? Como os familiares devem se organizar para contribuir no tratamento? O sistema de saúde brasileiro tem capacidade para lidar com esta demanda? Todas essas perguntas foram respondidas e discutidas em Autismo e cérebro social. Do ponto de vista científico, o grupo que participou da sua elaboração pertence a uma nova geração de profissionais que leva em conta o conhecimento originado dos resultados de pesquisas sólidas, dos estudos de neuroimagem, da contribuição da genética e dos achados derivados de ensaios clínicos bem conduzidos, afastando-se, assim, das interpretações ideológicas que permeavam essa área. A obra é uma oportunidade para se aprender ou conhecer mais sobre o conceito de "cérebro social" a atualizar-se acerca dos principais transtornos do desenvolvimento e das teorias atuais que buscam explicar suas causas.