Arrisco-me a dizer que o livro de mariana ozório está cheio de vida. Um peito cheio de vidas que pulsam e corações que batem acelerados. A obra revela a voz de uma escritora que não nega a beleza e nem o espanto da vida. Minicontos, poemas fragmentados, frases perdidas ao longo do percurso, versos repetidos, discursos de formatura criam uma espécie de canto no qual vozes orquestradas por ozório cantam e celebram a possibilidade de a vida ser reinventada, mesmo que no curto intervalo entre o corpo na vertical e o corpo na horizontal, como anuncia a puta que entra em cena. Se as coisas mais doloridas precisam ser ditas em outras línguas, uma voz não hesita em balbuciar em um bom português estou ocupada demais me despedindo da mãe que tive ou dói como o dia de uma viagem qualquer/em que vejo meu pai voltar/mas eu não o reconheço. Mas este peito é grande e nele cabem também aquelas vozes que berram, quase como num manifesto, que o sonho da vida perfeita é vocês todos irem pra puta (...)