Esta obra procura desenvolver uma análise etnográfica sobre a racionalidade estratégica do dispositivo audiência de custódia, considerando que todos os instrumentos jurídicos possuem discursos ditos e não ditos, reais e ocultos, a presente obra procura observar os atores jurídicos para compreender a lógica que direciona esse instrumento. Sendo assim, foi necessário realizar uma ruptura com a dogmática jurídico-penal e investigar diante das interfaces de outras ciências, o contexto do encarceramento em massa, projeto de uma ideologia neoliberal que consolida uma estrutura social desigual. O autor utiliza da teoria crítica para realizar um exercício de estranhamento com a ciência jurídica, investigando a gênese política da audiência de custódia, desde um contexto latino-americano até a ratificação dos tratados e convenções internacionais. Por fim, utilizando de dados estatísticos de órgãos oficiais da audiência de custódia, a pesquisa levantou as hipóteses que foram desenvolvidas no campo empírico de investigação etnográfica para compreender sua real racionalidade. Desta feita, o autor apresenta suas inquietações e angústias com o sistema de justiça criminal, refletindo a partir de uma lógica crítica e necessária para a defesa e promoção dos direitos humanos.