Os personagens de “Concerto para corda e pescoço” já vinham de outros livros (Cemitério de navios e Aquidauana) de Mauro Pinheiro. Largados, fora do mundo, longe de qualquer espécie de conforto e sempre na estrada, o insólito grupo ganha um novo membro com o narrador desse romance. Abandonado pela mulher e o filho, morando de favor, desempregado, escritor inédito, encontra dois caminhos para fugir do desencanto: a bebida e a solidariedade. As ligações são frágeis, assim como os vínculos e mais ainda como as palavras. Não importa que o livro permaneça encalhado na editora, nem o sofrimento com as cartas que a mulher manda de Paris, muito menos a falta de escrúpulos de todos que o cercam. Se o equilíbrio é mesmo a soma das fragilidades, o personagem de Mauro Pinheiro estará sempre entre dois mundos, fiel à maneira de ser de seu criador, um autor que só “quer discutir a literatura se esta for sinônimo de vida”.