Compositor, intérprete, poeta e escritor, Chico Buarque é referência obrigatória na cultura brasileira desde os anos 60. Pode-se mesmo dizer que nenhum outro compositor ou escritor contemporâneo resume como ele a trajetória do Brasil nesse período. Sua obra não apenas registra e comenta nossa história, como a revela sob ângulos insuspeitados, amarrando e comunicando a experiência coletiva às verdades mais íntimas de cada um de nós. Combinando traços biográficos com análises de canções e leituras dos romances, o livro arrisca ainda uma tentativa de interpretação, sustentada por uma idéia central - a de que a utopia brasileira do período anterior ao golpe de 1964, de alguma forma, se mantém e se renova na obra de Chico. Cria-se ali uma tensão muito particular, entre a imagem de um país inviável e a preservação da utopia, pela mesma voz que canta o seu desaparecimento.