“houve um tempo em que os signos acre e acreano não existiam. eles não figuravam como opção vocabular na comunicação linguageira. como surgiram a partir do “vazio” do ainda não representado? o discurso fundador explica como o “nunca-pensado” veio à luz, como o “jamais-dito” ganhou forma gráfica, e como o “sem-sentido” foi nomeado e amalgamado a uma identidade. o discurso fundador nada mais é do que um acontecimento linguístico materializado em uma dispersão de textos que age sobre o universo discursivo para inaugurar uma significância. esse processo não é natural, e sim marcado por arbitrariedades e silenciamentos, já que está ligado a grupos de interesses específicos. quando nos referimos ao discurso fundador do acre(ano), queremos dizer a paisagem enunciativa responsável pela imaginação apoteótica da origem do acre(ano). através dele, é possível observar como o poder simbólico da linguagem foi empregado para “embelezar” fatos históricos ligados à violência, à corrupção e ao culturicídio. enfim, este livro é mais uma tentativa de desmistificar a história do acre, oferecendo ao leitor uma versão mais sincera do passado acriano” “o acre não foi uma dádiva dos deuses. ele não surgiu das mãos do criador, portanto, a sua origem não deve ser entendida como um espetáculo do gênesis”.