Muitas leituras da Bíblia parecem aceitar como evidentes as imagens de Deus e do ser humano apresentadas pela serpente no início do Gêneses: que Deus é superior ao homem e entende assim permanecer, embora condescenda em fazer aliança com ele ara salvá-lo, e que o ser humano necessita de Deus para se salvar, com a condição de ser obediente a ele. Entre os dois, há uma forma de concorrência que pode ser superada por uma aliança, mas ao preço da submissão do ser humano, a qual se crê ser o único caminho para a liberdade. Desmontando esses pressupostos, este livro propõe outra leitura da aliança entre Deus e o ser humano apresentada no primeiro Testamento, assim como de um proceder coerente com essa aliança de liberdade. A leitura de alguns “grandes textos” permite esboçar uma imagem do ser humano criado livre e chamado a dar lugar a toda alteridade em vista de seu próprio desenvolvimento. Se ele recebe como um dom a vida e os bens, o reconhecimento irá ensiná-lo a abrir-se à justiça e à solidariedade e a afastar-se das violências que fazem a infelicidade tanto dos carrascos como das vítimas.