Duas personagens femininas, dois momentos de um país. Ambientado em Angola durante a guerra civil e no pós-guerra "Se o passado não tivesse asas" novo romance de Pepetela, conjuga as trajetórias de Himba, menina que, sozinha no mundo, tenta sobreviver em meio ao conflito, e de Sofia, que deseja uma vida melhor em tempos de crescimento econômico - porém ainda marcados pela desigualdade social e violência. São narrativas que se combinam e completam, somando-se à experiência pessoal do escritor, ex-guerrilheiro do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Trata-se de um mergulho nas últimas duas décadas de história do país africano e, sobretudo, de uma reflexão sobre a fragilidade do ser humano e suas mais aterradoras contradições -sempre pelo olhar, pela sensibilidade ímpar de um dos maiores nomes da literatura em língua portuguesa atual, vencedor do Prêmio Camões e autor de obras como Mayombe e A geração da utopia.A terrível luta diária pela sobrevivência dos meninos de rua, em plena guerra, contrasta com a fartura desmesurada dos jovens da nova burguesia de Luanda .Himba, treze anos acabados de fazer, perde-se do resto da família, vendo--se de repente sozinha no mundo. Sem outros meios que não sejam a sua inteligência, consegue chegar a Lunda, onde conhece Kassule, um menino de dez anos que perdeu uma perna devido a estilhaços de uma mina. Ambos órfãos vítimas da guerra, dependendo do lixo dos restaurantes, unem-se para conseguirem subsistir, lutando pela sobrevivência dia a dia. Sofia, que há muito aguarda uma oportunidade para mudar de vida, aceita gerir um restaurante, onde também dá conselhos sobre temperos. À medida que o restaurante vai ganhando clientes da classe alta de Luanda, também a ambição de Sofia vai sendo alimentada. E está disposta a agarrar todas as oportunidades que lhe garantam uma vida melhor, a ela e ao irmão Diego, um artista de rua que sonha expor em galerias