No futebol e na política, fomos acostumados a narrar a história com base nos grandes feitos e em seus autores. Anotamos o nome de quem fez o gol, mas quase nunca de quem deu o passe. Atribuímos aos governantes a proeza dos grandes projetos, mas raramente sabemos quem deu a ideia e quem a tirou do papel. Diogo de Sant'Ana era do time dos realizadores. Incansável, dono de uma sensibilidade ímpar, o jovem advogado, nascido na periferia de São Paulo e formado pela USP, construiu uma trajetória que, em pouco tempo, inspirou duas gerações de militantes. Filho de uma mãe solo com deficiência, corintiano de esmurrar parede (e quebrar tanque), fã de samba e pagode, líder estudantil e militante do PT, pai da Gabriela e do Caetano, foi peça chave nos governos Lula e Dilma e coordenou algumas das principais ações de combate à desigualdade no Brasil. Diogo nos deixou aos 41 anos, no último dia de 2020.