Para Jacques Le Goff, "o passado é, por definição, um dado que nada mais modificará; o conhecimento do passado é uma coisa em progresso, que se aperfeiçoa e transforma incessantemente." (Prefácio à obra Apologia da história ou o ofício do historiador, de Marc Bloch. Tradução de André Teles. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.) Foi Marc Bloch quem recomendou a renovação da História com novos problemas, novas abordagens, novos objetos e, em particular, a sua renovação pelo contato com outras ciências humanas e sociais (Idem, ibidem). O presente trabalho é fruto das pesquisas realizadas em torno da atuação de Cândido Mariano da Silva Rondon, como agente público e agente político no âmbito das Comissões Construtoras de Linhas Telegráficas constituídas pelo recém-instalado governo republicano no período de 1890 a 1910, ano esse em que foi criado o Serviço de Proteção do Índio (SPI) e Localização de Trabalhadores Nacionais (LTN), fruto da atuação de Rondon e das comissões telegráficas. Embora instituídos pela mesma legislação, esses serviços possuíam funções distintas, que ficam claras ao se analisar o contexto desse período, especialmente a produção legislativa do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. A pesquisa historiográfica está entrelaçada por conceitos de Direito Administrativo, em uma proposta de análise interdisciplinar desse período da História do Brasil e daqueles que dela fizeram parte.