Este segundo título da coleção Dedinho de prosa é um dos pontos altos da ficção de Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922). Filho de um tipógrafo e de uma professora, o autor criou, ao longo de sua obra, um amplo painel do Rio de Janeiro, cidade na qual ambientou uma inesquecível galeria de personagens, entre os quais o escrivão Isaías Caminha e Policarpo Quaresma.Publicado em 1911 no jornal Gazeta da Tarde, o conto O homem que sabia javanês desmascara um dos mitos da sociedade brasileira, o fascínio pela erudição postiça do doutor. Na melhor tradição da anedota burlesca, narra a história de um migrante pobre que vence na vida por cair nas graças de um velho Barão surdo. A edição traz belíssimas ilustrações de Odilon Moraes, feitas a partir de fotos do Rio de Janeiro do início do século XX. Essas aquarelas, bem como o glossário ao final do texto para facilitar a leitura pelo público jovem, fazem justiça a Lima Barreto, que raramente chegou a merecer publicação com tratamento gráfico tão refinado.