bilhete (na orelha) para leitores Marina, Compartilho do interesse pelo começo das coisas. Mas acabo me perdendo no meio. Isso de começar e não terminar de escrever e ler também me confunde. É mesa posta de um só lado. Do outro, já não é a mesma cidade. Insisto em algo, automatizo. E de repente olho para o lado, a janela recortada pela cortina e vento anoitece. Para você já é outro dia: recomeço. Durante esses meses fiquei muito interessado pela sua obra, apaixonado mesmo. Não pude evitar, não quis. Eu gostava de ler e encaminhar para pessoas próximas, às vezes arriscava te escrever qualquer linha. E então vivemos nossa parceria de silêncio e som com fotos e poesia publicadas como diário (para não surtar durante o tempo de isolamento). Perdi a conta de quantas peças avulsas tivemos depois. Canções que nunca acabam. O convite. A carta. Tudo que não terminou teve um começo. E no começo era só o começo mesmo, estávamos certos de uma experiência bem-nutrida apenas por existir[...]