Em Missa do Galo: Variações sobre o mesmo tema, um dos mais célebres contos de Machado de Assis é recontado por seis grandes escritores brasileiros: Antonio Callado, Autran Dourado, Julieta de Godoy Ladeira, Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon e Osman Lins. O volume, idealizado por Osman Lins em 1964 e posto em prática 13 anos depois, retorna às livrarias neste ano em que é lembrado o centenário da morte de Machado. O conto original é o relato de um rapaz que, retomando um momento do passado, tenta compreender o que se passou, na rapidez cronológica de pouco mais de uma hora, entre ele, então com dezesseis anos, e Conceição, já na casa dos trinta. Nas releituras, os seis autores jogam com o tempo e o espaço, além de dividirem os pontos de vista. Julieta de Godoy privilegia simpaticamente a figura de Conceição; Osman Lins mantém a estrutura apoiada em Nogueira, o rapaz; Nélida Piñon centra-se em Meneses, o marido; Antonio Callado volta-se a dona Inácia, a sogra; Autran Dourado amplia traços configuradores de Conceição; e Lygia Fagundes Telles, por sua vez, destaca a mobilização dos sentimentos. "As variações do texto-origens ora relançadas possibilitarão, além do prazer da leitura, comparar o tratamento diversificado da história inicial, revisitar os meandros da estruturas ficcional, as múltiplas feições do estilo", escreve o acadêmico Domício Proença Filho, especialista na obra de Machado, nas orelhas. "Um desafio abre-se, por outro lado, à argúcia dos leitores: verificar os aspectos evidenciados no conto machadiano que seguem presentes nas recriações e os que acrescentam a cada uma delas, em função da arte dos seis ficcionistas que o reescreveram. E, ludicamente, outro mais, especialmente no âmbito das atividades didáticos-pedagógicas: reescrever a sua própria versão de 'Missa do Galo'".