O livro de Resta apresenta de modo original, ousado e substancial aspectos centrais nem sempre percebidos da configuração ambivalente da identidade, que constitui, lembra o autor, a sua condição de possibilidade apenas na relação com seu oposto. A identidade depende de certa obsessão metafísica, de uma ligação abstrata a algo que, para além das particularidades, garante a persecução de um projeto compartilhado. É como se somente na unidade dessa representação as particularidades adquirissem sentido. Mas esse apelo ao semelhante, ao igual, esconde um jogo ambivalente com o seu oposto, com a sua diferença que é condição mesma de possibilidade para a identidade. Definitivamente a identidade só é, em si, um evento possível na paradoxal relação com o outro, com o estranho, com a sua diferença, aduz Resta. Esta obra nos ajuda a pensar sobre os excessos do discurso indentitário, seus limites e precariedades, especialmente num momento em que a humanidade necessita de discursos e instituições mais fortemente cosmopolitas e juradas em conjunto.