No ano de 2013 foram registrados pela Previdência Social 717.911 acidentes de trabalho no Brasil. É um número significativo, que destaca a gravidade do tema e a importância da saúde e segurança no trabalho (SST) para as empresas, os trabalhadores e a sociedade em geral. Focado nesse contexto, este livro apresenta um estudo de caso em uma importante empresa brasileira do setor elétrico, que possui, atualmente, mais de 7.700 empregados próprios e cerca de 18.000 trabalhadores terceirizados. O estudo consistiu na análise do método empregado na avaliação dos acidentes pela empresa, por meio do exame dos relatórios estatísticos e de acidentes ocorridos entre 2007 e 2011. As análises foram conduzidas com base nas características de três modelos teóricos causais de acidentes de trabalho - modelo sequencial, epidemiológico e sistêmico buscando evidenciar as lacunas e possíveis pontos de melhoria na forma de avaliar os acidentes. A política de SST adotada pela empresa é exposta, bem como são descritos os indicadores de acidentes utilizados por ela. Os resultados do estudo mostraram que as análises dos acidentes são balizadas por modelos que perpetuam a velha visão, de que os acidentes são fenômenos resultantes de uma cadeia linear de eventos, contrapondo a visão moderna e atual que enxerga os acidentes como fenômenos emergentes em sistemas complexos, não constituídos por relações lineares e únicas entre dois elementos. Notou-se que as medidas propostas nos relatórios para evitar acidentes semelhantes se mostraram restritas ao evento analisado, limitadas a uma ou mais causas definidas como causas raízes e insuficientes para evitar a reincidência. Isso porque as medidas não contemplaram todos os fatores contribuintes, bem como adotaram um enfoque quase exclusivo para a atuação do ser humano.