Com uma antítese, expresso já de início o que significou esta obra para mim: um soco no estômago, um afago que refresca a alma. Paulo Paes, professor de artes e arteiro de muitas manhas, uma pessoa extremamente engajada da luta social, encantador anfitrião, doce amigo, sempre disponível às nossas solicitações para cursos palestras, enfim, solicitou-me um texto sobre esta sua obra. Aceitei, claro, conheço seu trabalho, sei dos seus talentos e da energia que jorra de sua mente e de sua sensibilidade, quando se dispõe a escrever. Sei que escreve excelentes crônicas, para o Correio do Estado, mas pensei poeta? Tive dúvidas, confesso. Aceitei. Acertei. Ganhei. A obra é ousada, complexa. Sua estrutura é singular. Pode um pouco lembrar Clarice Lispector, quando dividiu a história de Macabéa com a do narrador na labuta com a escritura da narrativa moderna. [...]