"Carle Porcino apresenta nesta obra as travestilidades, perpassando pelos processos de autorreferência. Ela, como mulher trans que se autoafirma em sua identidade ao lado de seus pares. Frisando a lógica da identidade de gênero distante das práticas afetivas/sexuais que muito têm confundido as pessoas. Deslocando-se mais ainda de determinados processos concebidos como transtornos patológicos e aproximando-se dos processos de autoidentificação, mulheres travestis. Os processos de passibilidade tão bem apontados pelas autoras, de que mesmo nas vivências entre estudantes que insistem nas práticas e experiências não pertencidas pelas travestis como as práticas e experiências da homossexualidade e masculinidades; insistida muitas vezes pelos próprios estudantes em associar as travestilidades como sinônimos de orientação sexual. A autora vai dizer que a passibilidade entra como uma linha de fuga no sentido de me passei aos olhos de fulane como mulher em relação à dor maior de não ser reconhecida como mulher, sendo mulher, mesmo apresentando os ditos signos lidos e tidos como masculinos. Nesse sentido, esta obra revela as variedades de sentidos, valores e principalmente símbolos com o objetivo de articular os processos de inclusão social e desconstrução não só dos preconceitos em relação à figura da travesti, mas de outros elementos enraizados na cultura como machismo, patriarcado e falocentrismo e que têm se alastrado, impedindo o viver das pessoas trans, subordinando a normas e regras ditas pela sociedade cis-heteronormativa. Esta obra incita-nos ao atravessamento da inscrição de gênero e ao corpo como arte no sentido de viver."