Tanto quanto um livro de receitas, Sorbets e sorvetes: uma festa de frutas brasileiras é um panorama das frutas do Brasil as cultivadas e as nativas e inclui um percurso gastronômico que percorre o trabalho artesanal dos catadores, a exuberância das nossas matas, a aridez do cerrado e da caatinga e a busca de frutos e sabores ainda pouco conhecidos de nosso paladar, como o de mama-cadela, marmelada, guapeva e curriola, todas elas retratadas em cerca de 200 imagens. evelando um olhar curioso e inovador sobre a riqueza de nosso país, Sorbets e Sorvetes conta histórias emocionantes de pessoas envolvidas na coleta e preservação, como Dona Adelina e Seu João Simplício, de Pirenópolis (Goiás), que entram no mato para catar barus, cagaitas, cajuzinhos, pequis e outras frutas silvestres. Traz, ainda, informações científicas e curiosidades de frutas mais e menos conhecidas. Como a pitanga, cujo sorvete era o preferido de Dom Pedro II. O pequi, muito popular em Minas Gerais e presente no percurso de Riobaldo e Diadorim no livro Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. A cagaita, cuja fermentação leva muitos animais, como lobos-guará, saguis e tamanduás, à embriaguês, o que faz com que, não raro, esses animais sejam vistos cambaleando pelo cerrado. O jenipapo, adequado ao consumo apenas se coletado no chão, nunca se colhido no pé, e que, verde, serve para a produção de pigmentos na pintura corporal de algumas tribos indígenas. Em seu texto de apresentação da obra, a nutricionista Neide Rigo ressalta a importância da pesquisa de Rita Medeiros, cujos resultados podem ser conferidos em sua sorveteria artesanal: É bom ler uma obra que reflete todo o trabalho de uma pesquisadora apaixonada por nossa cultura, uma habilidosa artesã do gosto, e, sobretudo, uma pessoa generosa que desafia preconceitos para nos convencer e convence do luxo que representam estas frutas nativas que chegam a ser chamadas de exóticas. Além de trazer ao grande público interessado em gastronomia e natureza essas delícias tipicamente brasileiras, o livro faz um não menos importante alerta: o de que os biomas onde estão essas frutas têm dado espaço a vastas áreas de monocultura.