A chave de leitura desta obra coletiva é dada pela interdisciplinaridade. O conjunto de textos reunidos invoca as ciências, as artes e a filosofia. Isso é o primeiro dos muitos caminhos feitos pelos autores em busca do ponto de encontro de diferentes saberes. A perspectiva interdisciplinar não põe fronteiras. Ao contrário, trabalha buscando a convergência de diferentes áreas ou campos do saber para um ponto onde, cada uma a partir do que lhe é próprio, contribua para construir novos conhecimentos e saberes. A aproximação entre teóricos da linguística, da literatura, da pedagogia, da psicologia, da antropologia, da análise do discurso, da história e de outras simboliza a tentativa de encontrarmos caminhos mais produtivos para práticas sociais construtoras da cidadania plena. A presença de Bakhtin como referência em mais de um texto é um exemplo interessante para o processo interdisciplinar instalado na obra. As formulações do filósofo soviético feitas ainda na década de 20 do século passado continuam fundamentais para os analistas das práticas sociais. Nada tão atual quanto buscar, a partir de análises literárias, os discursos dos períodos ditatoriais dos povos latino-americanos e as relações ideológicas que trazem implícitas. Mas também tentar dissecar, no movimento da dança, o corpo que baila e produz um ato dialógico entre a arte e a ciência; tentar encontrar no lúdico as relações entre brincar e aprender; as relações entre sociologia e linguística aplicada e as tentativas de avançar metodologicamente com novas tecnologias para o ensino de línguas, trazem fazeres teórico-práticos perpassados por questões básicas da obra do filósofo: o dialogismo e a interação.